Eles se conheceram num chat do cyberespaço. Em pouco tempo configurou-se um desses relacionamentos virtuais tão comuns: apesar de residirem em locais distantes um do outro se encontravam todos os dias, combinavam em muitas coisas, sentiram-se apaixonados e decidiram, finalmente, namorar. Nada fora do comum e ao mesmo tempo tão singular, casual e destinado, corriqueiro e especial; enfim.
A distancia física era contornada graças aos avanços do avatar neural. Nenhum dos dois era inocente, e bem sabiam que os corpos esculturais que portavam e que sentiam não correspondiam aos originais que se conectavam à rede. E apesar de toda a tecnologia e precisão sensorial, concluíram que seria melhor a realidade, mesmo com suas imperfeições.
E foi com grande surpresa que, ao se encontrarem pessoalmente, descobriram que ela era na verdade ele e que ele era na verdade ela. Contudo, apesar de toda a decepção inicial, raciocinaram que não havia motivos reais para se separarem. Há quem diga até que vão se casar, mas cada um usando seu próprio computador, em sua própria cidade.