quarta-feira, 22 de agosto de 2012
H. P. Lovecraft
sexta-feira, 4 de maio de 2012
As últimas palavras
domingo, 29 de janeiro de 2012
Oferenda

Aquele era um clube noturno novo, cujos segredos eu ainda descobria. Naquela ocasião, a bebida exagerada havia me enchido de ousadia. Culpo essa situação pela minha atitude ao ver o sujeito falando com a garota que parecia estar na fronteira entre o pânico e a entrega.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
O outro lado
segunda-feira, 28 de março de 2011
O Mal incerto
Eu deveria ter entendido os sinais… Mas como?
Eu deveria ter desconfiado quando sumiu a Lupita; e depois o Toby, e o Leco, a Cindi, o Uirá, e todos os outros bichinhos que tentamos criar. Mas de quem desconfiar senão dos outros?
Eu deveria ter achado estranho a expressão da Maria quando foi embora, não de raiva ou de cansaço, com seria de se esperar numa situação dessas, e sim de puro horror – mas como não sentir, ao invés da pena de quem tem medo, a raiva de quem tem coragem de chamar uma criança de demônio?
Mas agora está tudo claro: a faca ensangüentada na pequenina mão, os olhos vermelhos como duas brasas no escuro, o sorriso medonho de dentes de tubarão: isso só pode ser um demônio...
Ou... será que tenho alucinações, por causa dos ferimentos e do desespero? E logo eu, que sempre estive certa, que sempre defendi meu filho de tudo e de todos, logo eu tenho de viver a dúvida? Vivê-la logo agora, que vejo meu sangue escorrer-se, logo agora que estou morrendo?...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Olhos
A primeira vez que a viu ainda era pequena: deitada em sua cama tentando dormir, ela viu a mulher aparecer na porta do quarto, metade do corpo coberto pela parede, muito branca e mirando-a fixamente sem olhos. A menina fechou os olhos e rezou para que aquela mulher sumisse, mas ela continuava lá quando a menina voltava a olhar. Como isso se repetia, seus pais levaram-na ao médico, que receitou remédios para fazer desaparecer a assustadora mulher. E por um longo tempo ela se foi.
Em sua adolescência, e já sem remédios há algum tempo, a mulher apareceu novamente, agora a meio caminho entre a porta e a cama, ainda com dois buracos na face, ainda fitando-a. Apavorada, a jovem voltou ao médico, que novamente receitou-lhe medicamentos. Após um tempo de desespero, mais uma vez a mulher sem olhos desaparecia sem deixar vestígios.
Agora casada, a mulher voltara, dessa vez com o rosto quase colado no dela, os buracos parecendo sugar-lhe a alma. Mas agora os remédios não tiveram efeito algum.
Foi numa noite em que dormia sozinha que chegou ao limite. Alucinada, arrancou os próprios olhos para nunca mais ter de ver aquela coisa terrível outra vez.
O marido ainda chegou a tempo para salvá-la da hemorragia. Mas seus olhos extraídos nunca foram encontrados.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Ao nascer do sol
O Homem dirigia rapidamente, pois tinha pressa de chegar ao pequeno sítio. Ele e sua família viveram os melhores momentos de suas vidas naquelas terras, e, portanto, não havia lugar melhor no mundo para descansar pelo resto da eternidade. Iam com o Homem no carro sua mulher e seus dois filhos pequenos, todos mortos. Mortos pelo Monstro, que agora deveria pagar pelo que fizera. Por isso o Homem dirigia tão rapidamente: para cumprir sua ansiada vingança.
O Homem tinha consciência de que o Monstro só fizera o que fizera porque não podia controlar sua imensa fome, e que tentara com todas as forças ser um humano. Mas não era o bastante; o Monstro deveria morrer, para que isso jamais se repetisse. E ao Homem cabia o papel de aplicar-lhe a justa sentença.
O Homem enterrou sua família logo que chegou ao sítio. Em seguida, foi até sua árvore favorita, arrancou-lhe um galho pontiagudo e se deitou, olhando para o oriente. Com uma força sobrenatural enfiou o galho no peito e, paralisado, esperou o nascer do sol que, junto com um novo dia, traria a sua ansiada vingança, sua justa sentença.