Você provavelmente chegou a este
texto através da indicação de algum amigo ou colega seu. Está só no cômodo, de
frente para a tela do computador e, mais por falta de alternativa do que por uma
opção própria, cultivando o desânimo. Nada mais trivial. Portanto, não se
culpe: quem poderia adivinhar que logo hoje seria o dia da sua morte?
O tédio aumenta. Mesmo com boa
vontade é impossível não pensar no clichê das palavras lidas. De fato, isto se
parece com mais um daquelas obras que avisam sobre a morte do espectador, como
um conto de mistério ou um filme de terror sem criatividade. Isso tudo é ficção
barata.
No entanto, você não consegue
esconder um leve nervosismo; e se isso não for ficção? Não chega a desviar a
vista da tela, mas com a visão periférica procura por outras pessoas. A solidão
do cômodo parece muito mais forte agora. E será que você não escuta algum
barulho estranho?
Sim, um barulho... como um
sussurro de algo rasgando o ar.
Você não tem tempo de se virar: a
dor – aguda, cruel – o impede de realizar qualquer movimento. O gosto de sangue
sobe à boca e você sabe que é real; o que jamais saberá é quem (ou o que) tirou
sua vida. No entanto, antes de tudo ficar totalmente escuro, você não consegue
deixar de escapar um último sorriso. O sorriso irônico de quem percebe de que
as últimas palavras que vêm à sua mente não são suas, mas sim de uma simples
ficção barata.
A leitura me causou angústia. Não sei explicar ao certo... Gostei.
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