quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ainda não

Eram 22h, domingo. A semana iria começar. Estava sozinho no apartamento jogado no sofá. Molemente, eu passava os canais, quase sem ver. House, Friends, jogo do brasileirão, Crepúsculo dublado, Transformers. Tudo tão estúpido, sem sentido...

A internet não funcionava. Devia ser o vento ou a chuva. O chuveiro queimado eu não precisava naquele momento, depois daria um jeito. Aquela louça suja fingi que não era minha. Essa minha barba está ridícula, pensei. Mas isso é vaidade, chega desses sentimentos mesquinhos.

Resolvi tomar um pouco de vinho. Tinto seco, Merlot. Cor intensa, encorpado. Trouxe a garrafa pra sala, tomaria no bico, não tinha copo limpo. Me sentei no sofá e percebi que possuía companhia. Fiquei em silêncio, pensando no sentido daquilo. Nem olhei para o lado, já sabia quem era. Tomei um gole longo. Ela estava em seu traje habitual, bem à vontade. “Está na hora já?”. Ela apenas sorriu medonhamente. Ofereci um gole, e não obtive resposta. “Não quero ir, o tempo passou rápido demais.” Lembrei como é bom viver. Então quebrei a garrafa, levantei, dei um grito com todas as minhas forças. A Morte se levantou também. E simplesmente foi embora, satisfeita.

De Igor F. Martins, de novo, se garantindo.

4 comentários: