A primeira atitude que tomaram quando se notou que ele começava a ficar transparente foi tirá-lo do cargo de chefe de relações públicas. Não era mais cabível que alguém no seu estado atual continuasse a lidar com pessoas, e em seu lugar colocaram uma jovem executiva que brilhava em todas as tonalidades possíveis. Mas, talvez por acreditarem no seu potencial como funcionário, não foi despedido, apenas transferido para um setor mais impessoal, revisando papéis numa sala escondida aonde pouca gente ia. Tudo bem, ele pensava, assim que eu melhorar, poderei voltar ao cargo que é meu por direito.
Mas para seu desgosto, a situação só se agravava. Conforme passava o tempo ele ia ficando mais translúcido, como se virasse um fantasma que luta pra ser notado pelos entes queridos. Certa vez ele se olhou no espelho e se reconheceu, mas não se viu.
Um dia perceberam que ele não havia ido trabalhar, o que era estranho para um funcionário responsável como ele. Ligaram para sua família, mas de lá informaram que ele não tinha voltado para casa após o expediente.
Ou talvez ele tenha voltado, e continue trabalhando e pagando as contas de casa como sempre fez, porém ninguém consegue notar. Mas isso não há como se saber.
Valeu a pena a espera.
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