José Gumerciano desde pequeno queria ser repentista. Quando criança o pai o levava para assistir os duelos de repente, e o conhecimento imenso daqueles artistas o encantava. Sobre tudo eles versavam da forma mais bonita possível, tudo encaixadinho nas fôrmas que eram obrigatórias. Mas conforme José Gumerciano foi crescendo, percebeu que nunca conseguiria cantar sobre tanta coisa como esses poetas faziam, pois de muito pouco sabia.
Foi então que ele decidiu que iria ser repentista a qualquer custo. Foi numa sexta feira 13 de meia noite a uma encruzilhada e invocou o Diabo, que lhe perguntou o que queria.
- Ser o maior repentista do mundo. Quero saber de tudo pra poder sempre ter o que cantar!
- Tudo? – sorriu o Diabo ironicamente e disse “Fiat Lux” – E Gumerciano se iluminou.
Mas qual foi a decepção de Gumerciano ao perceber que, apesar de saber sobre tudo e ter as reflexões mais profundas sobre tudo, não conseguia colocar isso num poema. E então ele entendeu sorriso do Diabo, que, poeta maldito por excelência, sabia muito bem que poesia não é feita de idéias – mas sim de palavras.
Hoje qualquer um conhece José Gumerciano: todos os anos ele ganha todas das categorias do prêmio Nobel. Menos o de literatura e o da paz, que ele jamais conseguiu encontrar.
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