sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um ser infinito

Para Poli

Há no zoológico local um ser fascinante, cuja espécie é desconhecida por todos, e que, acredito, só existe aqui. Bem, provavelmente existem outros iguais no mundo, mas “capturado” acho que este é o único, uma vez nunca havia ouvido falar dele. Contudo, também é possível que seus semelhantes estejam por todo lugar, irreconhecidos ou apagados, devido à sua natureza peculiar.

Este ser (pensei em dizer “criatura”, mas essa palavra contém uma carga pejorativa que contaminaria qualquer visão honesta sobre ele), aparentemente, não possui uma forma “fixa”. A qualquer momento ele pode se transmutar em qualquer outro animal, dos mais comuns aos mais fantásticos, com igual facilidade. Algumas vezes ele é um imenso leão dourado, e espanta as pessoas pela sua imponência; outras vezes é um cachorrinho vira-lata, daqueles que se encolhem num canto apenas esperando um afago que nunca aparece; já o vi na forma de um hipogrifo ou coisa ainda mais complexa, e todo mundo recuava sem entender aquilo; um vez foi um cordeiro, e tenho certeza que morreria naquele momento para salvar toda a humanidade de si mesma.

As pessoas passam, olham, perguntam, arregalam os olhos ou os levam para os lados, mas no final sempre ignoram. Acho que se trata de mais um dos sintomas da falta de interesse que as pessoas nutrem por tudo aquilo que não é óbvio.

De modo que passo os dias ao lado desse ser maravilhoso, imaginando uma forma de livrá-lo dessa prisão. Pois acredito que assim que estiver longe dessas grades ele poderá se abrir em toda a beleza da infinitude de suas possibilidades.

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