Ela era tão bonita que quando surgiu todos os homens solitários se apaixonaram. Loucos, cada um tentou o que pode para conquistá-la, doando-se no que mais tinha para provar seu amor: os poetas fizeram odes, os músicos canções; os comerciantes deram-lhe o que vendiam, os ricos o que compravam; os políticos fizeram-lhe promessas, os líderes cumpriram-nas; os ladrões deram-lhe todas essas coisas, os suicidas suas vidas.
Mas dela nenhum teve resposta; e, loucos, decidiram que somente destruindo uns aos outros terminariam com aquele silêncio. Assim, os poetas fizeram troças, os músicos paródias; os comerciantes cobraram caro, os ricos pagaram em dobro; os políticos difamaram, os líderes exploraram; os ladrões tiraram-lhes tudo, os suicidas mataram-se.
Ela, contudo, assistira a toda essa desgraça calada. Podia ser que não amasse ninguém, ou que amasse a todos; podia ser que fosse muito recatada, ou tão devassa que se deliciasse com a tragédia; podia mesmo ser que fosse muda ou que tivesse gritado, chorado e implorado para que eles parassem. O fato é que jamais se saberá. Pois aquilo que sem querer abrira no coração dos homens era tão podre que lhes devorara todos os sentidos.
Taquipariu, doido demais.
ResponderExcluirGostei muito! entendo como que os dois lados da moeda apesar de serem dois lados referem a uma mesma moeda e portanto uma mesma origem sentimental... congratulations pelo premio! André
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