A
arte é intenção ou percepção? Até hoje não consigo me decidir sobre a resposta.
Sempre que me faço essa pergunta, lembro-me daquela vez em que os alienígenas
chegaram à Terra. Como sempre fora esperado que fizessem, pediram-nos que
fossem levados ao nosso líder. Foi o que, humildemente, fizemos. Diante dele
explicaram, com sinceridade não humana, seus planos: observariam as condições
de nosso planeta e de nossa vida, e, dependendo do que vissem, decidiriam o que
fazer: tomariam nosso planeta ou iriam embora, deixando tudo como sempre foi.
Nosso líder, que era bastante sábio (ou, talvez, bastante ingênuo), escolheu
como primeiro destino uma de nossas exuberantes florestas tropicais. Bastou ouvir
o canto de nossos pássaros para que os alienígenas decidissem voltar para a
solidão infinita do espaço que, afinal, não era tão solitária assim. Nosso
líder, satisfeito consigo mesmo, atreveu-se a perguntar o porquê de uma decisão
tão rápida e certeira. Os alienígenas então disseram que um planeta no qual os
próprios animais eram capazes de fazer arte era demasiado evoluído para que
merecesse ser subjugado.
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