Enrich Weiss desertou durante o inverno de 43, embrenhando-se, à noite, na terrível floresta russa. Seu mal não era a vergonha da covardia (sabia que não era um covarde), mas sim a incredulidade. Como era possível aquele derrota? Acaso não era ele – e todos os alemães – um ariano, raça superior à dos eslavos em todos os aspectos? Então o que explicava a ruína final, que lhe parecia agora inevitável?
Seus pensamentos esbarraram na estranha cabana. A princípio ficou temeroso, pois contava apenas com uma pequena faca. Mas, observando melhor o estado miserável da habitação, concluiu que esta só poderia estar abandonada.
Surpreendeu-se ao encontrar lá dentro, sozinha, uma velha vestida em trapos. Ela, contudo, como se o esperasse, não esboçou reação ao vê-lo, deixando em Joseph uma inquietação sombria.
- Sou Enrich Weiss – sussurou.
- Sou Baba Yaga, a grande bruxa dessas imensas terras. Vejo em ti uma busca. Posso dar-te o que desejas; deves, contudo, vencer uma prova. Se fracassares, devorarei tua carne.
Enrich não soube se aquilo era uma piada ou uma armadilha; porém, algo na velha o que fez perceber que era verdade. Vendo uma oportunidade para livrar-se do que o afligia, disse:
- Desejo somente a verdade: a prova absoluta de que sou um homem superior.
A velha riu malignamente, revelando dentes pontiagudos:
- Terás a prova, a recompensa e o castigo de uma vez: basta que tires minha vida. Se fores capaz, tua superioridade estará provada para sempre; se falhares, terás a morte.
Enrich parou um instante, observando o sorriso cruel de Baba Yaga. Por fim, baixou a cabeça e abandonou a cabana, deixando a velha atrás de si. Antes que a porta se fechasse, imaginou tê-la ouvido rosnar-lhe palavras de desprezo. Não se virou, contudo. Restringiu-se à segurança da imaginação, como sempre fez.
Gostei principalmente de se passar na Rússia.
ResponderExcluirBerezuscky I.
Pra continuar agradando meu fiel público, o próximo vai se passar em Minas =D
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