No
ano de 1953, na sertaneja vila de Taperinha, o padre Damião Queiroz da Fonseca
chamou a atenção por ter desenvolvido nas costas, de repente, um belo par de
asas brancas.
Sendo
padre, a associação com os anjos foi instantânea, e o milagre espalhado por
todo o sertão. A notícia chegou ao bispo de Petrolina, que, concomitantemente
maravilhado e desconfiado (ossos do ofício), decidiu verificar pessoalmente o
ocorrido.
Lá,
o Bispo pôde contemplar o milagre aplumado do padre Damião, inquirindo-lhe a
atitude que lhe dera tal graça. Nada, sorriu tímido o padre, e o Bispo
reconheceu na humildade do pároco, bem como no atrofiamento de seus braços, a
prova definitiva de que se deparava com um santo[1].
O
vaticano, contudo, não considerou a narrativa do Bispo uma prova tão definitiva
assim, receitando cuidado antes de assumir a santificação. Disse ao Bispo que
aguardasse, pois logo chegaria um representante para averiguar o caso.
Enquanto
isso, padre Damião ia mudando. Sumiram os braços, as pernas arquejaram, o
tronco inclinou-se, o peito estufou, os olhos abobalharam, e, finalmente,
nasceu-lhe penas pelo corpo e um bico na cara bem a tempo de receber o
visitante romano. Este, embora admirado com o pombo gigante, disse que não
podia canoniza-lo: “Santos são apenas homens, não bichos”[2].
O
Bispo ainda procurou atentar para o milagre do padre que se tornara
manifestação do Espírito Santo, mas o fato é que se tornou insuportável a
sujeira e os arrulhos monumentais produzidos pelo ex-padre. Assim, Taperinha
aproveitou bastante a tranquilidade depois de finalmente se livrar do seu
milagre.
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